Thursday, November 19, 2009

por dentro

...

existe aquele momento na vida de todo mundo,
quando tudo parece errado
e a raiva domina a razão, uma dor no peito machuca;
é quando você não aguenta mais
quando lhe faltam forças até para chorar,
quando você olha em volta, e tudo é desordem
até sua cama parece estar te incomodando
fora do lugar
um transtorno infinito, imensurável
que não vai embora, apenas dorme

são nesses momentos, na falta de sossego
que a tristeza me toma a sonolência
invade pela noite, trasforma sua intensidade
e me governa, até o outro dia

quando me sinto assim
eu busco ao telefone, o nome de quem pode me ajudar
me oferecer uma palavra, um ombro
busco as coisas certas, que me dizem verdades absolutas
de coisas imutáveis, de prazeres incondicionais
não pelo conforto, mas para sanar minha loucura
é quando eu busco pelo meu pai
e se ele não estiver em casa, eu durmo com a luz acesa

são nesses momentos
que tudo se torna sofrimento
é que eu tenho vontade de amar menos
e ainda que valha a pena toda a angústia de momento,
ainda que não seja tão trágico
eu choro por amar demais

Tuesday, September 22, 2009

muito tarde pra te telefonar...



eu nunca pensei que fosse me sentir assim:
como se o céu estivesse mais perto de mim
e que por causa disso, eu não consequisse mais parar de sorrir.
como se todas as pessoas do mundo, mesmo as que motivam
estivessem dormindo, e só uma delas estivesse acordada.
como se as estrelas sempre fossem um presente bem possível
e junto com as elas, as horas de amor se tornassem eternas...

eu nunca pensei que fosse voar sem criar asas,
que fosse experimentar a melhor sensação do mundo
e junto dela, os maiores prazeres;dos carnais aos lúdicos
os melhores sabores, perfumes e sussurros
as melhores frescuras, os melhores carinhos
a maior de todas as loucuras:a de dar a mão a outro de olhos fechados
e sentindo no peito
o maior de todos os amores....

nunca pensei que ficaria bobo sem motivo
e que encontraria no seu sorriso, toda a minha tranquilidade.
eu, com toda minha honestidade
nunca sonhei que sonharia acordado
nem nunca imaginei como seria estar completo:
um ser inteiro, sem medo de acordar e pisar em falso
ou em nuvens que me suportem
ou nem pisar, levitar
de tanta alegria.
e de tanta felicidade, e tantas flores ao meu redor
talvez nem conseguir acordar...

e em toda minha vida
que não é das mais idosas
eu nunca experimentei algo tão doce, tão leve
com todos os predicados mais melosos que um poeta possa descrever seu coração.
algo que vai além da minha razão, do meu entender
que de tão perfeito e cuidadoso
só me faz chorar se for por saudade...

eu digo para todos que me escutam
que minha sorte não se mensura, nem se contesta
ao passo de que provei do que nunca imaginei que fosse real
e vivo algo que nem eu sei muito bem o que é
mas me faz pleno, me eleva, corre além da felicidade

e isso é o que eu digo a todos os outros:
essa mesma verdade que me contempla
a mesma que me dá boa noite, todas as noites
que me faz levantar, me sustenta.

e pra você, não preciso dizer nada além da minha vontade,
de declarar minha única verdade:
que eu te amo
e que sou completamente apaixonado por tudo em você .



Tuesday, September 08, 2009

matéria - prima



hoje eu descobri que sou feito de palavras
das mais diversas possíveis, das diferentes formas e fonemas
Das minhas palavras, aquelas que me expressam na fidelidade
as palavras formadas de sentimentos, as declarações e orações ao amor
as minhas palavras de dor, sempre repetidas, cheias de rancor.
me formo em verbos e expressões que me cercam e me prendem
me limitam, me sustentam, me erguem e me afogam.
transbordam, sempre que eu durmo ou choro.
e pra todos os efeitos, também me formo daquelas que ignoro
que desconheço
ao mesmo tempo que as digo, proclamo

sou feito dos minutos
de todo o tempo que tenho
das contagens que me regem, sopram o ouvido com o vento
me acordam nesse sopro, me dessesperam com o atraso
de todo um tormento que tende não chegar ao fim.
os mesmos minutos, que parecem tão contados
viram numa expectativa, nas horas também contadas
contabilizadas, num andar inexpressivo, coerente
como a frieza do relógio, como as horas displicentes
complacentes, com a minha mecânica.

sou feito da dança que me alimenta
dos passos largos e frouxos, aqueles que me elevam
me fazem girar no meu mundo egoísta, que não faz mau a seu ninguém.
um voo além, das nuvens e dos sonhos presentes
dançando com os braços, saltando pelos limites e vergonhas
uma ânsia maior, por dançar melhor
sem tirar os pés do chão
e chegar ao coração, numa pirueta interminável


e de todas as minhas coisas
que me faço e me desenho
me parece muito agradável perceber
que de nada serviriam minhas palvras se não fossem pra cantar ao amor
que meu relógio só funciona se eu continuar olhando para ele
e que o segredo da minha sapatilha, é meu poder de voar...

e que se for além do que eu chamo de amar, sei que estaria perdido.
e no fundo, com toda essa vontade, melhor eu me perder
do que me encontrar.


Thursday, August 20, 2009

as mesmas horas


.

tem dias que pesam mais do que o normal:
a mesma rotina cansada de todos os outros dias, com todos os momentos que se espera de um dia extremamente ordinário. Tudo que nos leva aos pensamentos diários, as mesmas pessoas e conversas que se repetem e se cruzam, e nas mesmas ruas que nos levam sempre para os mesmos lugares.
E mesmo com essa previsível lógica de como eu vivi as últimas 24 horas, ainda assim, essas últimas, foram um pouco mais cansativas:

um peso morto nas costas, cansadas e doloridas
um dia cheio de sensações e experimentações
que de extraordinárias nada tinham, mas foram vividas de forma intensa
uma culpa por machucar o coração,
uma culpa que pesa mais que qualquer outro sentimento
uma dor, latente, que incomoda até os olhos abertos
uma ausência de conforto, cansaço por todo o corpo
que de tanto reclamar, não respondeu mais

um dia como outro qualquer, e como qualquer outro
simples e incompleto,
mas que me levou a beira da loucura, por carregar tanta coisa
e fazer as mesmas coisas, com mais sentimentos que eu consiga suportar;
de uma saudade que deitou no peito
um sofrimento que tardou a parar
um arrependimento, de quem feriu o que mais ama
de várias lesões que permanecem na alma, e ferem
e sangram, até que se tornam físicas

e todo o meu cansaço, desse mesmo dia apático
se transformou em dança, em grito e em redenção
com um desejo quase que infantil:
de que as horas seguintes de sono não fossem tão mórbidas
e pelas mesmas horas, só esperar que passem
e pela força divina, não ter pesadelos naquela noite


Saturday, August 08, 2009

desde sempre, até o fim

é quando eu me encontro tomado por qualquer emoção
que tudo que é meu,das pernas aos braços, alma e coração
me deixam cantar e subir mais alto
alçar voos por dentre meus sonhos e pensamentos
e é com todos os intentos, carentes de lógica e razão
que me contento com o peso no peito
que bate todo na mesma histeria e condição

é nesse momento,
quando eu não lamento por ser sincero ao que sinto
e repito sem medo, batendo no mesmo peito
o que não nego, não omito, não minto:
que não queria o amanhã sem você
que não desejo ser sozinho, que nada além de te amar eu me permito
que por tudo um futuro, sem pressa e sem destino
eu me dedico a esse amor por inteiro

é nessa hora,
a mesma que não passa do agora
que eu declaro tudo o tenho, guardo e mantenho
trago pra fora meus beijos e digo que meu amor é imenso
livre pra crescer
pra fazer do meu carinho seu desejo preferido
acordar desse sonho somente se for do seu lado
e estar,pra todo o meu sempre, perto de quem roubou meu coração

cegar pros defeitos,
olhar pro culpado, e de todos, o eleito
pra gritar que eu amo ser apaixonado por você,
e que na pior das hipóteses, sou o homem mais feliz do mundo.


Saturday, June 27, 2009

apatia



...


Quem me disse que tudo que é triste passa, com toda certeza,não o fez da boca pra fora.
Esse alguém não sentiu minha tristeza,
apenas entendeu meus soluços, o ferimento encarnado na alma
que não mais chora, nem lamenta
apenas respira, sobrevive, se alimenta dos carinhos alheios
não aspira, não inveja, não tem anseios
um espírito apático, que assim se encontra
devido a sobrecarga de pensamentos

Um recorte das imagens que viraram retratos
passagens e paisagens e memórias
tudo num estado constante de entrelaços
que se moldam e se misturam, se completam e se acabam
e derrubam meu pensamento lógico
quando eu mesmo apático, penso demais.

e já não mais o faço:
vou andando sem rumo e sinto apenas o que é me dado
de boa fé e sem esperar pelo futuro
não me vejo mais vivendo pelo reflexo do passado
desaprendi a construir, pra sentir tudo de novo
espaço por espaço, sonho por sonho
vitórias e fracassos
tudo, e em todos, aquilo que me faça feliz...

aquele mesmo alguém que não que me ver triste
sabe que não me vale a tristeza eterna e sem causa
e quando diz que tristeza que fere não machuca pra sempre
reconhece também que não existe só uma tristeza no mundo

e que quanto mais eu respiro
mais eu vivo
sempre, e pro resto da vida, por gostar de amar


Thursday, May 28, 2009

tempo e espaço



eu vi o que veio com a chuva:
uma solitude intelectual completamente insignificante
que não serve nem para sustentar o peso do meu corpo
uma efemeridade de raciocínios distintos, todos, orbitando sobre as mesmas questões futuras do coração
uma dor tão profunda, tão aguda, que faz meu respirar mais difícil,
me faz ofegante, soluçante
Me faz acordar mais cedo, todos os dias, com tanta tristeza guardada que não se contenta com os sonhos, precisa do consciente operante pra se fazer válida...

eu acredito que foi a chuva;
molhou as casas vizinhas e os quintais descuidados aqui do lado,
bateu na janela no meu quarto e molhou todo o chão
deixei que molhasse meu rosto, meus braços, minhas mãos...
eu sei que foi com a chuva que vieram essas mazelas, as que me deixaram infermo e que até agora, me fazem cantar mais baixo...


que molhasse meu corpo inteiro
mas que lavasse a minha alma
me trouxesse um sossego
um descanso, pra quem de tanto pranto
cansou de esperar pelo sol


foi com a chuva:
que eu me deparei com um reflexo mais enrrugado, deturpado
procurei menos os espelhos, destranquei mais a minha porta, deixei correr o vento, as vozes, os olhares, as mãos e os conselhos
deixei que entrassem os amigos, que as palavras fluissem,
que meus gritos ecoassem
deixei correr meus pesares, os choros que, como a chuva, conta em gotas salgadas o meu sofrer

que arde, que queima, que me enlouquece
e na pior das hipóteses, me transforma

no fundo o que eu mais queria
era que parasse de chover