O sol foi embora. Bem perto da janela a menina alvina se escorou.Fitando o horizonte com os olhinhos pequenos (abertados),cantarolando e se espriguiçando pra sentir a pontinha dos dedos, até sentir a cabecinha coçar. Do parapeito, correu pra cama. Desfez o laço e os nós do cabelo trançado, amarrado, todo bem cuidado.
Tomou pelo braços um diário fino,de capa toda florida e riscada de caneta vermelha. Ocorreu a menina um choro fino, agudo, cheio de soluços para o seu corpinho frágil.
A última página estava em branco, pronta pra ser redigida. E lá se foi a menina pequena, de pernas pro ar, envolta nos lençois e nas fronhas, escrever simplesmente sobre o seu dia:
"O que permanece: o frio tão bem entendido
da vírgilia imaculada
alterada pelos prazeres menores
de egos mimados, gordos
maiores
espera paciente, auto-suficiente
anestesia que me passa, relaxa
euforia
nas formas mais sublimes do toque
Na mão, no corpo, na face
em tudo que tateia
em tudo que escreve
em tudo que sente
Transborda
tudo que me atormenta"
Dormiu a menininha, suando e batendo os pés.
Está agorinha mesmo, a coitada, no seu quarto enfeitado de borboletas e mariposas, virando o corpo em tempos, pra sonhar melhor e mais confortável...
Vai acordar pra escrever coisas bonitinhas, coisinhas de quem se lamenta
de quem ama
de quem dorme com menos travesseiros do lado direito da cama
Desse ser daqui a pouco,
o sol já nasceu.
Sunday, April 27, 2008
diminutivo
escrito e guardado por Pedro G. dos Arduennas às 00:42 3 comentários
Wednesday, April 09, 2008
a parte e o todo
ando e ladrilho os pedaços
retalhos e mais retalhos, a vida displicente
estrelas e mais estrelas, viventes despercebidos
retorno e me formo, nas últimas paredes suspensas do meu contorno infantil-
é o que me sobra
crenças e crenças, fé e muita relutância sobrando
sobra no tato, curvas e mais curvas sentimentais
bêbadas, insólitas e perenes
como todo o quociente inacabado e mal feito
de revoluções particulares, entranhas estranhas pra fora
voltas e mais voltas pelo chão
flechas sem ponta que atiro pro céu, sem direção
vogam em vão cruzando o mar
horizonte torto pela cegueira criada na desgraça
presença e outras muitas presenças
de tudo, um muito
e da minha falta de ar
retalhos e mais retalhos, a vida displicente
estrelas e mais estrelas, viventes despercebidos
retorno e me formo, nas últimas paredes suspensas do meu contorno infantil-
é o que me sobra
crenças e crenças, fé e muita relutância sobrando
sobra no tato, curvas e mais curvas sentimentais
bêbadas, insólitas e perenes
como todo o quociente inacabado e mal feito
de revoluções particulares, entranhas estranhas pra fora
voltas e mais voltas pelo chão
flechas sem ponta que atiro pro céu, sem direção
vogam em vão cruzando o mar
horizonte torto pela cegueira criada na desgraça
presença e outras muitas presenças
de tudo, um muito
e da minha falta de ar
escrito e guardado por Pedro G. dos Arduennas às 19:37 1 comentários
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