Thursday, May 28, 2009

tempo e espaço



eu vi o que veio com a chuva:
uma solitude intelectual completamente insignificante
que não serve nem para sustentar o peso do meu corpo
uma efemeridade de raciocínios distintos, todos, orbitando sobre as mesmas questões futuras do coração
uma dor tão profunda, tão aguda, que faz meu respirar mais difícil,
me faz ofegante, soluçante
Me faz acordar mais cedo, todos os dias, com tanta tristeza guardada que não se contenta com os sonhos, precisa do consciente operante pra se fazer válida...

eu acredito que foi a chuva;
molhou as casas vizinhas e os quintais descuidados aqui do lado,
bateu na janela no meu quarto e molhou todo o chão
deixei que molhasse meu rosto, meus braços, minhas mãos...
eu sei que foi com a chuva que vieram essas mazelas, as que me deixaram infermo e que até agora, me fazem cantar mais baixo...


que molhasse meu corpo inteiro
mas que lavasse a minha alma
me trouxesse um sossego
um descanso, pra quem de tanto pranto
cansou de esperar pelo sol


foi com a chuva:
que eu me deparei com um reflexo mais enrrugado, deturpado
procurei menos os espelhos, destranquei mais a minha porta, deixei correr o vento, as vozes, os olhares, as mãos e os conselhos
deixei que entrassem os amigos, que as palavras fluissem,
que meus gritos ecoassem
deixei correr meus pesares, os choros que, como a chuva, conta em gotas salgadas o meu sofrer

que arde, que queima, que me enlouquece
e na pior das hipóteses, me transforma

no fundo o que eu mais queria
era que parasse de chover


1 comentários:

Anonymous said...

Poxa vc escreve com o lapis da alma e tinta do coração, parabéns tudo muito belo. Vou mandar um para a pessoa que eu amo.Claro que indicando o Autor
bjins seu coração