Sunday, February 10, 2008

Na varanda





Coberto com o agasalho vermelho, deitou a cabeça no próprio ombro inutilmente em busca de conforto, até sentir a névoa fria da manhã cobrir o azulejo cor de barro da sacada.

O pensamento torto sobre todas as coisas e todas as pessoas varriam sua cabeça assim como fazia o vento gelado com seus cabelos secos...

Podia ouvir todos os gritos e lamentos da sala ao lado, lotada.
A música que saía pela porta de vidro vinha para acalmar os ouvidos

tão judiados, tão doloridos.

A chuva deixava escoar todas as mazelas sentidas, conforme suas gotas caíam categoricamnte pela vala do telhado.

Seria uma paisagem mais bela se não fossem o cinza do céu e o nevoeiro, se não fossem o choro cobrindo os olhos, a secura casticando a boca, e a dor enchendo a sua cabeça.

Entorpecidos estavam seu raciocínio e sua lógica; demorava a completar suas idéias, a contemplar a paisagem de morros e casinhas pequenas ali a frente.

Depois de se sentir completamente inapto para elaborar qualquer conclusão ou sentir qualquer nova dor,deitou sobre os braços e esperou chegar o sono.


O frio não permitiu.


Ficou a esmo no sereno até o outro dia, quando finalmente foram lhe procurar na varanda, mas não para lhe doar palavras de conforto ou abraços bem-vindos...

Vieram apenas lhe oferecer uma xícara de café, estava realmente muito frio.



Wednesday, February 06, 2008

E assim disse a Sereia




Eu pertenço a este lugar
Aqui, acima do enorme verde-azul do mar
Eu sinto o que é completamente novo, no mundo acolhedor

É como se tudo estivesse errado
e por milagre pude ver, o que eu quero ser
está acima das águas, no mundo cheio de ar


Tem tanta luz por aqui
Luz e cor
O sol é tão forte por aqui, cobre o meu rosto
Me sinto tão vivo aqui
Quente
Como dizem ser o amor


Parecem me acordar, me chamar para o ardor
Desse estranho mundo acolhedor