Saturday, November 15, 2008

a semente do pôr-do-sol

eu vim depressa, com pressa de viver
e na correria desenfreiada
deixei cair minhas roupas, meus sonhos
uma semente:

atravessando o céu, os sentidos e as pessoas
deixando o tempo noturno pra depois
cruzando as ruas, as palafitas e o concreto
passando pelos dias, pelas tardes de calor
pelas noites de amor e pelas canções de dor
ignorando os olhos, levantando os pesos
os segredos, as contradições
sentindo as variações de temperatura
a amargura e o descontento...


floresceu!
o fruto que caiu do pomar, veio parar nos meus pés
sujo, maduro e extremamente doce;

no meio da folhagem seca,sai do balanço de madeira e me abaixei
me rendi aquela visão prometida de felicidade
catei o fruto cor de carmim do chão e mordi satisfeito...

me faltava apenas aquele paladar, o que eu tinha plantado quando criança
e foi a melhor sensação do mundo;
depois de tanta estrada coberta de areia
e de tantas folhas cobrindo meu quintal
saber que me faltava apenas provar do açucar vermelho e pulsante...
de toda forma, me conforta a visão:
eu já tinha a estrela mais brilhante dentro dos meus braços
o maior coração do mundo nas mãos
o sorriso mais inesquecível no peito
uma concha do mar como tatuagem no pulso
e uma coletânia de canções de amor,todas, cantadas por sereias


demorei pra perceber, que quando voltei ao meu balanço de madeira
tudo isso atravessou o céu, os sentidos e as pessoas
e ficou para sempre





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