Friday, September 12, 2008

cordeiro de nanã

pálida a dor que serpenteia os pés descalços
sobe pelos calcanhares, se acomoda nas vísceras
do corpo frágil, recalcado
acanhado, franzino
ábil apenas para ser delicado
emocional

o vento é o mesmo que vem dos lados de lá
da praia, da brisa constante, inerente ao meu prazer
e que tanto conhece o meu sofrer
o mal estar, o meu amar
amar e amar
esperar por tão pouco, e esperar mais um pouco

ver o mar, ir a praia;
tudo que poderia me consolar
e de uma vez, no instante de uma estrela cadente
me lavar a alma, as lágrimas
me levar pro horizonte

contínuo, sem fim

me benzer nas águas mornas
e quando o corpo estiver são por inteiro, voltar
não mais viver com as sereias, com as estrelas do mar
apenas as ouvir cantar, as ver dançar
e ter a certeza, que só sentiria o prazer de ser consolado
quando estivesse etupidamente ferido

minha alma canta, dança
e ao mesmo tempo
esperneia, e sangra.

2 comentários:

J. Lira said...

Quero ver o mar.

Karla Brito said...

que poetico...
que triste...
que lindo...

assim como o mar.