Me deixa distante
Quando diluir a última droga no sangue
Quando passar pelos mesmos asfaltos
no caminho de volta pra casa
Prender o choro, reconhecer a exaustão
Reverência ao saudossismo, que vem com chuva molhando a varanda
Me deixa quieto
Mudo e miúdo para todos os efeitos
Paralítico e estático
Com medo das feias feridas, da dor latente no peito
Luxúria em carne viva, Preguiça doente e selvagem
Pecado fervente nos meus olhares, nos meus arqueios
Me deixa dançar
Transpirar, deixar o corpo gasto
Ritmia e descontrole, o prazer pela fadiga
Respiração ofegante, delirante
O fascínio pelo movimento da pele em gestos largos
Me deixa cantar
Pela falta de asas maiores
Pela falta do voar
Externir meus sentidos
Gritar a todos os surdos e a todos residentes na dor
Meu protesto sem cor nem som
Propagar não mais que meio sorriso
Me manter em pé, frio e operante
pros desvaneios errantes
de uma cabeça que clama pela benção da ignorância inconstante.
1 comentários:
Bravo! Lindíssimo!!!
-
Post a Comment